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domingo, 22 de março de 2020

Três poemas de Eduard Mörike

Eduard Mörike (1804-1875), poeta e romancista alemão.
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Ein Stündlein wohl vor Tag
(MÖRIKE, 1906)

Derweil ich schlafend lag,
Ein Stündlein wohl vor Tag,
Sang vor dem Fenster auf dem Baum
Ein Schwälblein mir, ich hört‘ es kaum,
Ein Stündlein wohl vor Tag:
Hör an, was ich dir sag‘,
Dein Schätzlein ich verklag‘:
Derweil ich dieses singen tu‘,
Herzt er ein Lieb in guter Ruh‘,
Ein Stündlein wohl vor Tag.
O weh! nicht weiter sag‘!
O still, nichts hören mag!
Flieg ab, flieg ab von meinem Baum!
Ach, Lieb‘ und Treu‘ ist wie ein Traum
Ein Stündlein wohl vor Tag.


Uma horinha talvez antes de amanhecer
(Tradução de Dionei Mathias,
da Universidade Federal de Santa Maria)

Enquanto eu deitado dormia,
Uma horinha talvez antes de amanhecer,
Cantou em frente à janela, na árvore,
Uma andorinha para mim, quase não ouvi,
Uma horinha talvez antes de amanhecer:
Ouça o que lhe digo,
Teu tesouro eu acuso:
Enquanto isto estou cantando,
Namora um amor com toda calma,
Uma horinha talvez antes de amanhecer.
Oh! Não continue a falar!
Oh, quieto, nada quero escutar!
Voe embora, sai da minha árvore!
Ah, amor e fidelidade são como um sonho
Uma horinha talvez antes de amanhecer.


In der Frühe
(MÖRIKE, 1906)

Kein Schlaf noch kühlt das Auge mir,
Dort geht schon der Tag herfür
An meinem Kammerfenster.
Es wühlet mein verstörter Sinn
Noch zwischen Zweifeln her und hin
Und schaffet Nachtgespenster –
Ängste, quäle
Dich nicht länger, meine Seele!
Freu dich! Schon sind da und dorten
Morgenglocken wach geworden.

Bem cedo
(Tradução de Dionei Mathias,
da Universidade Federal de Santa Maria)

Nenhum sono ainda me refresca os olhos,
Por lá o dia já desponta
Na minha janela do quarto.
Revira meu espírito perturbado
Ainda entre dúvidas de um lado ao outro
E cria espectros noturnos –
Não te amedronte, não torture
Mais a ti, minha alma!
Te alegra! Já ali e acolá
Despertaram os sinos da manhã.


Verborgenheit
(MÖRIKE, 1906)

Lass, o Welt, o lass mich sein!
Locket nicht mit Liebesgaben,
Lasst dies Herz alleine haben
Seine Wonne, seine Pein!
Was ich traure, weiß ich nicht,
Es ist unbekanntes Wehe;
Immerdar durch Tränen sehe
Ich der Sonne liebes Licht.
Oft bin ich mir kaum bewusst,
Und die helle Freude zücket
Durch die Schwere, so mich drücket
Wonniglich in meiner Brust.
Lass, o Welt, o lass mich sein!
Locket nicht mit Liebesgaben,
Lasst dies Herz alleine haben
Seine Wonne, seine Pein!


Estar escondido
(Tradução de Dionei Mathias,
da Universidade Federal de Santa Maria)

Deixa, oh mundo, oh me deixa em paz!
Não me atraia com os dons do amor,
Deixem este coração sozinho ter
Sua felicidade, sua angústia!
O que me aflige não sei,
É uma dor desconhecida;
Sempre por lágrimas vejo
Eu do sol a querida luz.
Muitas vezes mal tenho consciência,
E a clara alegria rutila
Através do peso que tanto me aflige
Prazerosamente em meu peito.
Deixa, oh mundo, oh me deixa em paz!
Não me atraia com os dons do amor,
Deixem este coração sozinho ter
Sua felicidade, sua angústia!

MATHIAS, D. Fragilization of meaning in three poems by Eduard Mörike. Revista de Letras, São Paulo, v. 59, n. 1, p. 169-182, jan./jun. 2019.

Fonte: schloesser-und-gaerten

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