sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Feliz hipocrisia e um próspero faz de conta pra você também!

Bianca Marafiga*
Dourados, MS, Brasil

Imagem: http://3.bp.blogspot.com - Manipulação: Criticartes

Incrível a habilidade humana em robotizar, fazendo as mesmas ações todo santo ano e por motivos que infelizmente não se tem refletido nos corações. 
Vejo famílias despedaçadas reunindo-se para discursos vazios, chorando lágrimas de crocodilos com seus copos cheios de cerveja e bailando como se a vida fosse um eterno carnaval. Vejo vizinhos que mal se cumprimentam desejando um feliz natal tão mecânico que seria melhor não ter ouvido. Aquela comilança sem fim, e as músicas que extravasam os muros do discernimento, são um belo convite à percepção do vazio anual humanístico. 
Os shoppings estão cheios e você comprando um presente para aquele “amigo” que muitas vezes não esteve com você quando em seu travesseiro chorou em silêncio. Fazemos listas de presentes e pessoas a serem presenteadas, como se em um ano inteiro não houvesse um só momento em que pudéssemos lhe escrever uma carta ou ao menos lhe entregar um simples cartão decorado. 
No natal você enfeita sua casa como se o seu lar não fosse digno de enfeites o ano inteiro, preocupa-se em demostrar o quanto é feliz em sua residência. Afinal aquela “tia chata” está por vir e não pode sair falando da sua realidade. Trocar as cortinas, os tapetes e o lustre, vestem uma máscara sorridente e... Bingo! Tá tudo certo pra festa.
Digo que o natal é uma fórmula de enquadramento humano. Pois muitas vezes não estamos no lugar e nem com todas as pessoas que queríamos estar. Até porque estas outras pessoas também precisam se enquadrar em algum lugar! 
É incrível como estão condicionadas a processos tão sem sentido que daqui a alguns dias todo amor acaba, toda lágrima de perdão seca e todo coração se petrifica. Aquele abraço do seu “avô” dominado pela embriagues já foi esquecido por ele e cada um volta a sua rotina. Também tem aquele seu parente convertido que te enganou durante o ano todo a troco de uns míseros reais e lhe abraça com tanta força que acaba distorcendo suas ideias.
Pior que tudo isso são as mensagens nos grupos das famosas redes sociais. Sempre tem aquele que de forma tão mecânica lança cartões natalinos cheios de “bichinhos dançantes” para todos os seus contatos contaminando nossas telas. Como se nossa vida se resumisse em grupos de transmissão. Ora! Se deseja mandar-me algo, que seja uma frase autêntica feita pensando em mim e não em dezenas de pessoas só para aliviar-se da mecanicidade em desejar felicidades. Afinal somos seres únicos e não temos tempo para desperdiçar com “copiar e colar” virtual. 
Bom mesmo seria se a chama do natal estivesse sempre acessa em nossas vidas e ações como uma lâmpada de luz própria e não como uma vela que se acende e apaga a cada 25 de dezembro de cada ano!

*Bióloga
Especialista em Educação e Gestão Ambiental
Mestre em Biologia Geral/ Bioprospecção

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