quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Desabafo

Ana Maria Bernardelli
Presidente da UBE/MS
Campo Grande, MS, Brasil
@: m.bernardelli@bol.com.br

Já dizia o poeta com muita precisão:
“Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público
com livro de ponto expediente...”

Pois é... realmente é muito, mas muito cansativo mesmo ouvir (ou ler) o que a “saparia” escreve sobre suas dores, seus amores, seus devaneios, suas idas e vindas...
A Poesia é muito elegante. Aguenta, sem perder a pose, sonetos esqueléticos, aguados, sem sal, sem açúcar, que tentam, em vão, descobrir com sofreguidão (porque não acharam ainda) as pegadas que o lusitano deixou... para poucos, para muito poucos...!
A Poesia releva a soberba e a prepotência dos que se julgam acima do Bem e do Mal ao depararem-se com a ARTE - mãe da essência do nosso espírito!
A Poesia é muito tolerante. Suporta que em seu nome cabeças sejam laureadas e que, por falsas rimas – nunca com os cognatos – se vislumbrem novas torres de marfim!
Enfim...!
Nobre poeta, imagino quão profunda era a sua angústia a ponto de culminar em um desesperado: “estou farto!”
Nada mudou, poeta!
A Poesia do lirismo libertador chegou, deu-nos a graça da sua presença, rodopiou pelos salões, deu o seu recado com paixão e embevecimento e foi-se...!
Alguns conseguiram, apaixonados, seguir-lhe o perfume; outros, quedaram-se casmurros e resolveram erigir as suas torres medievais, como se o mundo da poesia lhes pertencesse.
Esqueceram-se de que a POESIA não tem pátria, não tem dono, não tem horizonte, nem limites.
Ela é, simplesmente. Uma extensão de Deus na sua onipotência, onipresença e onisciência!

Nenhum comentário:

Postar um comentário