quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

A irmã de Jone

Leomária Mendes Sobrinho
Salvador, BA, Brasil
@: lea.sobrinho@gmail.com

Há mais de sessenta anos atrás, a irmã de Jone estava completando quinze anos. Jéssica, desde nova, falava que quando completasse esta idade morreria e que estava ali, apenas para cumprir uma missão. Ninguém levava em consideração a veracidade desta informação, pois, como vinha de uma criança, os adultos entendiam como um capricho.
Eram quatro irmãos, porém, Jone era o mais próximo de Jéssica, o que a permitia confidenciar seus pensamentos e desejos com ele. Eles moravam em uma casa humilde, porém, com área ao redor da casa e um quintal, onde haviam duas fontes, isto é, dois poços artesianos e mais ao fundo muitas plantas, inclusive árvores milenares, como mangueiras, pés de mamão, bananeiras, etc. Com área suficiente para circular, correr e se esconder na hora das brincadeiras com as amigas.
Passaram-se alguns meses e Jéssica adoeceu de uma hora para outra, sem motivos aparentes. O médico naquele tempo não tinha a tecnologia que hoje possui e a diagnosticou com sarampo.
Quando Jone e Jéssica ficavam a sós, ele a perguntava o que ela sentia, mas, com muita febre e tomando muitos antibióticos, ela ainda afirmava que não iria adiantar tanto zelo, pois ela já tinha o seu dia marcado para desencarnar por ordem de Deus.
Jone ficava confuso porque em sua compreensão, Deus apenas dava a vida e não a tirava. Porém, a sua irmã afirmava veementemente que ela veio apenas para passar aquele tempo e tinha a consciência de tudo; que ela ouvia e via as orientações do que estava por vir. O que ficou sem explicação, o que não deu tempo de saber, pela angustia e pela insistência de Jone em querer que a sua irmã ficasse logo boa foi o motivo da missão que Jéssica teria que ter cumprido.
Numa noite sem estrelas no céu, Jone chegava em sua casa.Vinha da casa de um amigo, quando viu Jéssica sentada à beira da fonte, no quintal, pois o mesmo acessou sua residência pela lateral sem que ninguém o visse. Ele a chamou com espanto pelo nome e a repreendeu por estar ali fora no sereno, já que passavam-se das sete horas da noite e ela estava acamada.
Jéssica, sentada, serena, calmamente disse ao irmão que já não estava mais entre os vivos e que ela já havia realizado a sua missão. Havia sido chamada, que não era para ele chorar e nem ficar triste, pois ela estava bem e que ele soubesse que ela o amava. Desapareceu para sempre da vida e deixou saudades.

(História baseada em fatos reais. Foram usados nomes fictícios)

Nenhum comentário:

Postar um comentário