quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

A mulher e a Psicanálise

Wildicleia de Oliveira Santos Lopes
Arapiraca, AL, Brasil
@: wildioliveiralopes@hotmail.com

A luta da mulher é algo muito recorrente. Parece que grita, fala e que nem sente! Mas que dor sai das entranhas e de um ventre que não quer gerar e que é obrigado a se calar para o Outro não lhe estranhar! Ou que quer viver em casa cuidando dos filhos, mas uma nova modalidade lhe diz que está ultrapassada, e que agora ela deve é ser cuidada. Que decide sair para trabalhar e ganhar muito mais, mas o homem não vai admitir ficar atrás! Que desde a infância passa por uma grande inconstância: “Será que é por aqui ou é por lá? A quem devo me endereçar? É preciso correr para alcançar a aprovação daquele que vai me completar, ele não pode me abandonar!”. É nesse trajeto que ela tende a caminhar. 
Quanta angustia vive na mente da mulher! Será que ela fala como uma tagarela porque ela quer? Será que aquele olhar que lhe prometia o mar, fez com que mergulhasse a ponto de naufragar? Criatura incompleta, sujeito da falta. A incompletude é tão angustiante que lhe maltrata. É preciso tamponar esse vazio, e quando alguém lhe provoca um arrepio parece que o problema está solucionado, o coração que pouco batia agora está acelerado. É o amor! Que em suas mais variadas vertentes lhe faz flutuar e achar que esqueceu tudo que tinha em mente. Até que o vazio lhe toma novamente. Tristeza, saudade, alegria.... Que sujeito para mudar de melodia! 
É complicado esse lugar! Quando será que ela vai se encontrar? Muitas vezes parece que as coisas lhe são impostas e que tem que acatar, como um acaso que faz sua vida definhar. Talvez ela precise deitar e fazer o que ela bem sabe que é falar! Falar suas inconstâncias, seus medos e devaneios. Dar as costas para a ideia de uma sociedade que apenas lhe coloca freios. Mas, ela pode deitar em qualquer lugar? Não, não! Ela precisa escolher um lugar especial, uma atitude talvez bem radical. Na verdade, pode até se sentir mal, mas com o tempo a coisa pode melhorar. Nada certo, porque garantia não há. 
Quem sabe ela tenha que conhecer algo apresentado há muitos anos atrás, Freud nessa descoberta foi bem perspicaz! Apresentou um caminho para o curioso inconsciente, foi a psicanálise que apresentou grandiosamente. Como uma pedra capaz de arrebentar corrente. Mas é preciso ter coragem para encarar o impacto que essa pedra vai se lançar. Não se sabe quantos estilhaços irão se espalhar. Coragem é preciso, não tem como negar, porque o trajeto é sinuoso e isso ela vai ter que encarar. Mas um ser que tem em sua história marcas de lutas e vitórias não vai se deixar amarelar. Ela é capaz de enfrentar o caminho do desconhecido! Porque por mais que ela não tenha percebido, muito mais doído que vasculhar um terreno na busca de se encontrar, é permanecer estagnado sem coragem de encarar o desejo enterrado naquele terreno que parecia estar abandonado. 

Psicóloga Clínica e Consultora Organizacional; Pós-Graduada em Clínica Psicanalítica.

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