quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Polaroide

Danielle Andrade
Itabaiana, SE, Brasil
@: dani-andrade-se@hotmail.com

Que coisa boa é a fotografia! Não me refiro às fotos de hoje em dia, que são digitais, raramente impressas. Gosto mesmo é daquelas fotos impressas em papel, fotos palpáveis.  Aquelas que são reveladas. Acho que realmente elas revelam algo! Aquelas fotos de quando era criança, que são guardadas na casa de parentes. 
Quando era criança, uma das minhas tias tinha uma polaroide. Essa máquina era, para nós, um evento. Apenas ela, minha tia, a tinha. Pensem na alegria que sentíamos quando ela vinha nos visitar no interior, trazendo consigo a polaroide; minha tia não saia sem ela. Tia Vera adora fotos! 
Lembro-me, com saudade e alegria, de certo dia, devia ter uns cinco, seis anos, minha tia veio à casa da minha avó que, como toda casa de avó, vivia repleta de netos, uma neta era fixa, os outros passageiros, uns demoravam mais, outros nem tanto. Nesse dia, que me recordo, ela trouxe consigo sua polaroide; para nós, era uma grande novidade. A foto saia na hora! Uma foto pequenininha! Uma belezura para a imaginação da criançada. Vejam só que moderno! 
Como toda família, tiravam fotos das crianças para recordar e acompanhar o crescimento delas. Nesse dia, já era meio da tarde, Tia Vera já estava pronta para ir embora para a capital, quando sugeriu a foto! Estávamos todos desarrumados; crianças que tinham brincado o dia inteiro. Mas não podíamos deixar de tirar a foto! 
Na polaroide!! Minha tia mandou que ficássemos em frente à casa de minha avó. Posicionamo-nos em frente à parede da casa, já íamos a foto, quando minha prima (mais velha que eu) percebeu meus cabelos desarrumados, desgrenhados de criança traquina que era! Ela teve a brilhante ideia de colocar em meu cabelo uma flor artificial (moda da época; colocou a bendita flor em minha cabeça, segundo ela, para arrumar; eu adorei a ideia, minha prima era uma gênia, e muito querida também. Aquele momento foi eternizado ali, naquela simples imagem emitida pela maquinazinha tão legal). 
As fotos têm esse poder, o de capturar o momento e eternizá-lo. Ainda temos essa foto; cerca de quatro a cinco crianças encostadas a uma parede com a pintura decadente, um portãozinho aberto, uma adolescente e uma criancinha negra com olhar desconfiado e vívido, com os cabelos para cima, um emaranhado de cabelo e uma rosa vermelha no meio. Meus primos e irmãos riem quando veem a foto. E ficou realmente hilária! É, sem dúvida, das fotos que mais gosto. E aquele momento é vivo até hoje.

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