segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

As bromélias e a fera

Por Eliakin Nikaile
Imagem: http://blog.giulianaflores.com.br
Bizungas. Olha o nome do pobre infeliz. Está claro tratar-se de um nome de muito mau gosto. Mas também, vindo daquela laia, o que se pode esperar. Viria algo bom de Samaria? Mas é claro que não.
Não bastasse o nome de péssimo gosto, outra coisa chama a atenção. Aliás, o pobre infeliz quer chamar a atenção. Coloca-se como vítima da sociedade. Onde terá lido tal embuste? Mal sabe o desgraçado que colocar-se como vítima da sociedade é reproduzir uma ideologia barata, sem escrúpulos e ultrapassada. Insistir é brincar com a cara dos tupiniquins.

Mas, não percamos nosso precioso tempo com nome de mau gosto da caterva. Se há uma coisa, inadmissível, é perder tempo com assuntos da caterva. Não aguento ouvir o seguinte: “eu não tenho nada nessa vida. Veio a enchente e eu perdi tudo”. É a coisa mais incoerente e estúpida que já ouvi. Como pode o desgraçado não ter nada e afirmar que perdeu tudo? Um engodo retórico.

Tive que pronunciar tal nome. Pedi-lhe que aparasse minhas bromélias. Mas o adverti. “Corte apenas as pontinhas” pedi. Foi o mesmo que falar com um cão sarnento. O tal do Bizungas parece ter feito por birra e, por gosto ainda por cima.

Dos dezoito pês de bromélias, cinco pereceram pela falta de coordenação fina. Dava dó ver minhas bromélias esturricando no chão já sem vida. Senti vontade de dar-lhe um sopapo. Aliás, vários sopapos. Pensei em dar-lhe um gato morto pela cabeça até fazer miar.

O mais impressionante era aquela cara de aspargo. Pensa em uma pessoa mequetrefe. Com aquela cara de cavalo disse-me: “perdoa patrão pelas fror eu...”. “Bizungas, não é”? Perguntei com tristeza e reservas. Afirmou com a cabeçorra positivamente. Contente-se em apenas assassinar minhas bromélias. Deixe a língua mater em paz.

Sem pobremas patrão”. Nossa. Aquilo só podia ser de propósito.

Pedi-lhe que desistisse e fosse para casa. “Não patrão. Sô brasilero e não desisto nunca”. “Então, já que não desistes sugiro que procures outro ofício, senhor Bizungas”.

Para variar, o infeliz pediu-me uma sugestão de onde deveria aventurar-se. Pedi-lhe que se inscrevesse no programa de voluntários da colonização de Marte. “O praneta vermeio”? Quis saber. Assenti positivamente e pedi-lhe para não se atrasar, pois o próximo ônibus sairia por aquelas horas.

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